terça-feira, 30 de junho de 2009

Review: Kaballah

Pretendia fazer o review da edição da Kaballah logo assim que sai da festa, mas resolvi esperar um pouco para baixar a empolgação de sair de um evento daquele porte. A caminho da Kaballah constatei o que tinha como quase que certeza absoluta, sem engarrafamentos, com pouquíssimos carros, e alguns ônibus de excursão estacionados, fácil era perceber que esta festa seria muito diferente da que aconteceu no ano passado, principalmente referente ao público, onde a festa se encontrava totalmente lotada devido ao grande sucesso da edição de 2007.

Ao chegar na portaria fui informado que a doação não seria obrigatória, não precisando comprar ticket social ou pagar alguma quantia referente a “doação”, mostrando então que a produção já se fazia inteligente em não obrigar uma coisa que deve ser voluntária. Fácil e organizado foi “resgatar” os ingressos e entrar na festa, não havia fila e os seguranças que passei foram educados e competentes, porém já vi algumas queixas referente a estes em fóruns na internet.
Entrando na Kaballah a primeira coisa que se avistava era a grande estrutura central de decoração da pista, fugindo das normais decorações com tendas cobrindo a maior parte da pista, com um grande e imponente palco com uma “gigantesca tela” onde eram anunciadas as atrações e exibidas belas imagens. Ao chegar no caixa tivemos o mesmo susto com os preços que tivemos na Chemical, porém com um atendimento rápido e agilizado também, e os bares sempre com bebidas geladas o dia inteiro. Para completar ainda mais minha satisfação com a produção da Kaballah vi que, realmente, a Cocoon Stage não era a área Vip, e que esta não tomava toda a frente do palco, como normalmente vem sendo feito.


Entrei em torno de 03:30h e Gustavo Bravetti já estava comandando a Cocoon Stage com sua apresentação performática, mostrando porque vem sendo considerado um dos melhores Djs da América. Quando ele abaixava um pouco o som, fácil era escutar os delírios e aplausos de um público entusiasmado e feliz com tudo o que tinha sido visto até ali, e com tamanha empolgação que Popof subiu ao palco para mostrar quem é POPOF, não dá para explicar o que ele fez, palavras não resumem aquilo. Lembram do diferencial que falei que faltou no Dusty Kid na Space People? Então... Foi o que sobrou nele, que trouxe um som novo e totalmente dançante. Terminando o Popof, a Cocoon ficou vazia, pois todos sabiam quem estava chegando no palco principal, o Liquid Soul.

Depois de duas apresentações tão fantásticas como a do Bravetti e a do Popof difícil seria ver algo tão bom quanto eles, mas nada impossível para o Liquid Soul que chegou de forma única, deixando todo mundo maluco com sua Crazy People e grandes outros sucessos, e me deixando com medo, porque quem viria após eles era David Amo e Julio Navas, para mim, aqueles que “pagaram” meu ingresso, e como ultimamente difícil é prever o som que eles irão tocar devido a tamanha qualidade e diversidade musical que ambos possuem. E comecei a imaginar a possibilidade deles chegarem com um tech/minimal tech, ou algo do tipo, fato este que não cairia bem após o que foi apresentado pelo Liquid Soul, ainda mais combinado com a apresentação fracassada da Kaballah 2008, se isto ocorre, era o “fim” da carreira carioca deles.



Contudo, com as primeiras batidas eletrônicas longe ficou o medo do “minimal/tech” aquela hora, e claro o electro prog “rasgadooo” que vinha pela frente, nem sei muito o que falar deles aqui, pois vai parecer a visão de um fã falando, mas sei que é impossível qualquer pessoa falar ou apontar algum ponto ruim neles, nesta última Kaballah. Entre tantas vezes que já vi este duo, sem dúvidas, esta foi inesquecível, e a melhor entre todas, superando a própria Kaballah, em 2007, Creamfields e Burn Evolution. Saíram do palco ovacionados, deixando uma pista linda para o Acquaviva, que tirou a má impressão que tinha dele desde a Euphoria Festival de 2007, sendo mais um dj excelente.



Desde a Tribe Rio 2007, no Happy Land, que não presenciava um evento de tamanha qualidade, a “preocupação” da produtora com todos, independente de “ser ou não vip” foi excelente, tratamento igual para todos. Apresentações fantásticas seguidas de excelentes apresentações... Difícil disso se repetir tão cedo! Com a chuva o público foi selecionado, e com uma festa “vazia”, comparando-se com a do ano passado, nítida era a felicidade no rosto de cada um que se encontrava com o pé atolado em lama. E sem dúvidas, a melhor de todas as Kaballahs já realizadas no Rio.


Mais videos:











segunda-feira, 29 de junho de 2009

Do Uruguai para o mundo...

O Uruguai vem aparecendo consideravelmente na cena eletrônica com Djs e Projetos de ótima qualidade. Djs como Javier Misa, Gustavo Bravetti e o Pablo Barboza (PuntaLibre) chegaram ao Rio de Janeiro, e em cada festa que estiveram, entre elas I Love Electro, Space People, Kaballah e HOME, conquistaram o público, deixando sempre a pista cheia e muito dançante com cada “virada” disparada pelas mãos dos habilidosos djs.
Nesta última edição da Kaballah, em 27 de junho, o Gustavo Bravetti com seu live performance
arrancou gritos e muitos aplausos, e claro, muitos elogios por não deixar a pista parada um segundo, semana passada na Space People, foi a vez do Pablo Barboza, com seu PuntaLibre, conquistar fãs e “apagar” o Dusty Kid, tendo uma apresentação impar, mostrando porque vem recebendo tanto elogios de djs como o Tiesto.
Com a globalização da música eletrônica, e com o grande crescimento do chamado low beats, que tem suas origens na Europa, e são de lá os maiores nomes mundial desta vertente, grandes nomes vem surgindo na América do Sul, e com isso, o Uruguai vem trazendo muita música boa para os amantes da e-music.

PuntaLibre:
Release:

“Puntalibre é conformada por Fabricio Gutierrez e Pablo Barboza, ambos representam o estilo e espírito de Punta del Este no Uruguay, uma cidade muito especial na América do Sul. Todos os verões Punta del Este brinda grandes e importantes eventos e festas, e atrae aos melhores DJs do planeta à sua inigualável atmosfera.
Fabricio e Pablo levam 10 anos de experiência como DJs e produtores. Juntos têm lançado tracks em gravadoras como Wolkenfunken, SAS, Presslab Digital, Fiberline Audio e Progress Records. Os seus trabalhos têm sido suporte de DJs como John Digweed, Hernan Cattaneo, Markus Schulz, John Acquaviva e Tony Thomas, entre outros.
Começaram juntos no EP de Pablo “Drumming” (Telepathy Records UK) voltando a se unir para o EP de Fabricio “Sky Deep”, assinado pela gravadora Rapid Response Recordings (USA). “Sky Deep” rapidamente recebeu uma forte reação e aceptação por parte de Tiesto, Paul van Dy, D:Fuse, Nick Warren, Paul Oakenfold e Hernan Cattaneo, entre outros.
Fabricio e Pablo decidem então se fusionar sob o nome de Puntalibre, representando assim suas raizes e cultura. Paul van Dyk imediatamente se converteu em seu fã número um , ao ter como favorito o remix de “Deliver Me”(Rapid Response) de Tim Davison. Puntalibre atualmente se encontra trabalhando em remixes para Derek Howell e Anil Charla que em breve serão lançados.
Os shows de Puntalibre rotam entre complexos Live Sets assim como também Back to Back Sets.”

sábado, 27 de junho de 2009

Universo Paralello #10 – O ano da despedida

Desde que comecei a frequentar eventos de música eletrônica escutava falar do maior festival do país, o Universo Paralello, após ver algumas informações e fotos sobre este, fiquei encantado com tudo, com a possibilidade de viver livre de qualquer pré conceito existente, de viver em um lugar paradisíaco cercado de pessoas lindas, com muita música e cultura que te faz parar para pensar na vida, em valores que a sociedade moderna impõe. Assim, o Universo Paralello tornou-se um sonho para mim, sendo este concretizado na última edição, constatando assim, que estava enganado com tudo o que eu sonhava, pois estes sonhos, são pequenos diante do que o festival realmente é, algo inexplicável, uma experiência única. E como uma amiga disse, depois que você passa por tal fato, difícil imaginar seu reveillon em outro lugar sem ser a praia de Pratigi, mas, infelizmente, teremos que começar a imaginar isto a partir deste ano. Segue abaixo um texto postado no Blog do Roosevelt, contando um pouco de sua experiência de 7 edições de UP e mais o anúncio da edição comemorativa de uma década do festival mais amado do país."Todo começo tem seu fim…
Foram uma década de celebrações que eu arriscaria dizer que mexeram nas estruturas do Brasil. De todos os cantos do planeta, e porque não imaginar, de fora também, muitos foram os viajantes que vivenciaram a experiência Universo Paralello em seus dias mais incríveis.
Há oito anos conheço o festival e a sete o freqüento fielmente desde sua primeira edição em terras baianas. Vale deixar registrado que desde o principio todos da produção sempre foram extremamente receptivos e assim é até hoje com absolutamente todos ao seu redor, formando uma gigantesca família.
Lembro como se fosse ontem quando entrei em contato com o festival pela primeira vez, de forma tímida e sem a menor experiência e o Alok me ligando no dia seguinte do meu e-mail, batendo um super papo pelo celular, dando total apoio a nossa excursão, explicando detalhes de tudo e auxiliando sempre que era preciso.
Imaginem que tudo era muito complicado naquela época, pois éramos de Niterói, as festas e festivais de musica eletrônica eram muito mal vistas e não existia a rapidez de comunicação como orkut, facebook, twitter e os pouquíssimos sites que existiam sobre musica eletrônica não eram la muito amigáveis.
Isso tudo transformava aquele sonho em um desafio, pois além de ter a significante distancia de 1500 quilômetros até o sonho do paraíso de sol, musica eletrônica, liberdade e gente bonita, tínhamos que achar pela primeira vez outros 46 sonhadores dispostos a enfrentar quase 30 horas de ônibus até a Bahia. E foi difícil viu… mas foi uma realização incrível!
Nessa segunda feira eu recebi um depoimento que me emocionou. Uma passageira que frequentou minha excursão por anos seguidos me procurou dando uma bronca. Dizendo que esse ano nem ela ou os amigos estavam conseguindo se animar pra ir ao festival, pois não estavam sentindo a empolgação que vinha de nossas divulgações, já característica de todos os anos com matérias, entrevistas, fotos e comentários sobre os preparativos da nova edição.
Confessei pra ela que estava com outros planos pra esse fim de ano, mas que a excursão já estava na rua, porém com uma divulgação mais reservada. Nesse momento ela me envio pelo MSN a musica Avalom do Protoculture e pediu que eu desse play junto com ela e que escutasse a musica de olhos fechados, lembrando da primeira vez que fomos ao festival e vimos a apresentação histórica do Protoculture. Nem preciso dizer mais nada … eu simplesmente não conheço outro local que consiga me fazer tão bem, me sentir tão em casa e tão acolhido quando o assunto é Universo Paralello.
Então pelo sétimo ano consecutivo o festival e esse aqui que vos fala, damos inicio ao poderoso chamado pra edição especial de 10 anos que sera realizado entre os dias 29/12/2009 a 03/01/2010 na paradisíaca praia de Pratigi.
As surpresas desse ano já começa na divulgação que a principio circula de forma direcionada, em que só as pessoas cadastradas no mailing do festival é que estão recebendo as primeiras infos.
Pela primeira vez o boato comum que ouvimos todos os anos sobre o fim do festival se torna um fato real, já incluído na pouca divulgação que circula, e que trás na integra as seguintes informações:
“Tomados por uma alegria única começamos a preparar a festa de 10 anos do Universo Paralello. Um encontro que pretende resumir todo o encanto de uma década de celebração entre amigos, cercados de arte, cultura alternativa, natureza e muita música. Os 10 anos da UP serão comemorados em novo espaço. Uma área inédita dentro da mesma fazenda de sempre, que vai garantir maior segurança ao festival, mantendo toda beleza baiana da Costa do Dendê. Tudo será novidade: a disposição das pistas, nova decoração, praças, feiras, campings, banheiros e chuveiros, assegurando o mesmo tamanho dos espaços assim como a qualidade das estruturas.
No clima de despedida começa agora a festa de 10 anos do Universo Paralello e você é parte fundamental nessa comemoração. Será a ultima edição do festival na região que carinhosamente nos acolheu durante esses anos. Depois de uma série de negociações entre o UP Crew e o poder público de Ituberá ficou decidido, em comum acordo, que essa será a última edição em Pratigi. Vamos então fazer desse encontro um grande ritual, fechando assim um ciclo de muita alegria, confraternização e aprendizado junto ao próximo e a natureza, onde os ritmos se multiplicaram e as sensações se unificaram numa só frequência.”
Vai ser difícil imaginar o festival em outro local, mas confesso que estou louco pra ver esse novo local em que será construido o festival desse ano e as próximas edições, que a partir desse ano vão ocorrer de 2 em 2 anos.
Pra quem ainda não teve a oportunidade de viver essa experiência, comece a se programar desde ontem pois os ingressos começam a ser vendidos 1º de setembro, porém excursões e pontos de venda como a Conexão PSY já estão fazendo vendas reservadas.
De hoje até setembro teremos esse cantinho aqui do blog pra trocar informações e as deleciosas espectativas que tomam conta da gente a cada edição.
;-]"

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Entrevista: Tomás Chiaverini

A pouco tempo foi lançado o livro do jornalista Tomás Chiaverini, o “Festa Infinita – O Entorpecente Mundo das Raves”, e a rave foi “desvendada” através de olhos e opiniões de um jornalista que mergulhou neste universo, até então desconhecido para ele, para escrever este livro que vem criando polêmica em diversos sites e fóruns de música eletrônica na internet, muitas críticas, inúmeros elogios e uma ampla discussão inteligente e fundamentada sobre um assunto que apesar de ser amplamente discutido, sempre tem novidades para serem explicadas, a música eletrônica e o mundo que a envolve.
Eu já comprei o livro, e este já me gerou uma infinita montanha-russa de sensações e sentimentos por este, porém não vou deixar aqui minha opinião sobre este. Entrei em contato com o autor, Tomás Chiaverini, e este atenciosamente, aceitou participar de uma entrevista, que gerou ótimas informações e assuntos que podem ser bastante discutido. Abaixo segue a entrevista com o Tomás.

“Em Festa Infinita, o leitor é convidado a um mergulho no barulhento, colorido e entorpecente mundo das raves – festas de música eletrônica, ao ar livre, com duração de mais de 24 horas. Logo no primeiro capítulo, numa narrativa dinâmica e precisa, é possível presenciar uma rave do começo ao fim, com toda a intensidade da música, com a efervescência das drogas sintéticas e com garotos que se penduram pela pele em bizarras e angustiantes performances masoquistas.
A partir daí, o autor cria um panorama desse movimento contra cultural, que apenas no Brasil atrai cerca de 500 mil jovens por mês. No ano de 2007 foram 1.400 festas, promovidas em sítios, praias desertas e clareiras no meio do cerrado. Raves que chegam a reunir 30 mil pessoas em “modernos rituais de êxtase coletivo”.
Para dar contornos a este universo, o repórter entrevistou inúmeros DJs, produtores e aficionados, criando uma trama de perfis que, por meio de casos curiosos, divertidos e até dramáticos, ilustram a história das raves no Brasil e no mundo. Usando técnicas de imersão próprias do jornalismo literário, o autor conviveu intensamente com seus personagens, acompanhou DJs em assustadoras viagens noturnas e em noites de música ininterrupta.
Num ônibus, junto a 40 ravers, empreendeu uma surreal viagem de mais de 30 hor
as até o interior de Goiás e passou uma semana acampado num dos maiores festivais de música eletrônica do país. No final de 2008, viajou a uma praia deserta no sul da Bahia, onde acompanhou a montagem do Universo Paralello – festa que atraiu 9 mil pessoas para dez dias de sol, drogas e dança. Finalmente, para retratar esse universo da forma mais intensa e realista possível, arriscou-se a experimentar, na própria pele, os efeitos do ecstasy somados à música eletrônica.
O resultado desse processo de imersão é um texto fluido e instigante, que mexe com os sentidos, que expõe o hedonismo descompromissado de parte da juventude atual e que documenta uma faceta da história contemporânea desconhecida para a maior parte da população.
Tomás Chiaverini nos oferece um relato preciso, sensível, humano e cuidadosamente detalhado, ao vivo e em cores, sobre o que acontece nessas festas sem deadline, que enlouquecem não só quem delas participa, mas também os pais e os vizinhos – algo tão chocante e real que mais parece ficção.
Mais do que isso, o trabalho do autor, sempre baseado em fatos concretos e pesquisas em profundidade, cumpre com competência a missão de lançar um brado de alerta sobre a preocupante realidade desse ‘entorpecente mundo’, no qual mergulham de cabeça, quase todos os dias, muitos milhares de jovens em busca de novas – e perigosas – experiências”.
Do prefácio de Ricardo Kotscho”

Tomás, conta um pouco de sua história como jornalista. Como e por que você resolveu entrar para esta bela profissão?
Não sei dizer exatamente por que escolhi a profissão de jornalista, mas acho que foi uma escolha acertada. Sempre gostei de ler, de escrever e sempre me interessei por assuntos diversos. Então acho que foi a escolha natural.
Minha história como jornalista foi bem maluca. Assim que me formei coloquei a mochila nas costas, juntei a grana que tinha economizado como colaborador de um site e fui pra Manaus, em busca de histórias pra contar. Passei cinco meses mochilando pela Amazônia, voei com a FAB em missões humanitárias até a fronteira com a Colômbia, presenciei conflitos indígenas em Roraima, entre outras doideiras. Assim conseguir vender algumas matérias para revistas importantes.
Quando voltei, sem estágio, sem emprego e sem o que fazer, resolvi escrever um livro. Sobre população de rua em São Paulo. Dormi embaixo de viadutos, me disfarcei de desabrigado pra ser recolhido a um albergue municipal e entrevistei inúmeros moradores de rua e especialistas. O resultado foi o Cama de Cimento, lançado em 2007. Depois fui selecionado pelo programa de treinamento do jornal Folha de S.Paulo, onde trabalhei durante dois anos, fazendo de tudo um pouco.

Qual a sua principal motivação para escrever sobre um universo que a cada dia que passa conquista mais adeptos?
Meu objetivo foi, sobretudo, jornalístico. Ou seja, retratar uma realidade que atrai centenas de milhares de adeptos, mas que é desconhecida para a maior parte das pessoas. A idéia foi criar um livro que fosse interessante não só para os ravers como para a população em geral. Criar um texto envolvesse o leitor. Um texto que por um lado fizesse quem nunca foi em uma rave se sentir em uma e, por outro, trouxesse fatos desconhecidos mesmo para os mais aficionados.

Logo no início do livro, no capítulo “Tunts, tunts, tunts, tunts” fica claro a sua preocupação em levar seus leitores a um mergulho e se “sentir” naquele instante, ao ler cada frase, em uma rave. Já que você até então nunca havia ido a uma rave, qual foi sua primeira impressão?
Assombro. Acho que não tem outra palavra. É uma coisa muito intensa que me deixou meio pasmo durante algum tempo. Mas depois passa, haha.

Muitos dizem que o “movimento raver” que ocorre nos dias de hoje, muito se assemelha com o movimento de contracultura efetuado antigamente pelos hippies. Quais as semelhanças, se é que existem, que você enxerga em ambos os movimentos?
Há uma porção de semelhanças. O discurso de paz e amor, a comunhão com a natureza, a proximidade com filosofia e religião orientais, o modo de vestir, o vegetarianismo, a psicodelia das drogas alucinógenas, etc.
Mas ao mesmo tempo há muitas diferenças. Acho que o movimento hippie, pelo momento histórico em que ocorreu, era muito mais politizado. O rock teve uma penetração na sociedade como um todo que a música eletrônica ainda não atingiu, e isso disseminou demais a cultura hippie.


Você traz no livro um histórico sobre os eventos eletrônicos e conviveu diretamente com Djs e produtores, esses fatos acrescentaram algo na sua vida?
Difícil de responder essa pergunta. Principalmente porque, ao meu ver, tudo que vivemos acrescenta algo. Então posso te garantir que sim, no processo de apuração do livro muito foi acrescentado na minha vida. Só não me pergunte o quê.

Mudou de alguma forma a impressão que você tinha das raves? Qual era a impressão que você tinha e que passou a ter após ter convivido mais de perto com este movimento cultural?
Antes de conhecer as raves, eu tinha a impressão de que elas se tratavam e um movimento mais agressivo. Algo mais próximo ao mundo punk. Mas antes mesmo de ir a uma festa, já percebi que isso não correspondia à realidade.

Fato notório é que a cada dia que passa os adeptos ao movimento raver e o número de eventos crescem ainda mais. Qual seria o principal motivo para isto ocorrer?
Não sou antropólogo nem sociólogo, então não tenho as ferramentas necessárias pra tentar explicar por quê certos fenômenos sociais ocorrem. Mas posso arriscar. E meu palpite é de que o ser humano, no geral, experimenta uma necessidade crescente de intensidade. O cinema mostra muito isso. As cenas de ação são cada vez mais fantásticas, o terror é cada vez mais assustador, o sexo é cada vez mais explícito. E as raves, acredito eu, são um pouco o reflexo dessa busca por intensidade. A música é cada vez mais alta, as festas duram cada vez mais, as drogas são cada vez mais potentes, e assim por diante.


Com o crescimento das raves, a concorrência também aumenta. Já que são feitos vários eventos durante um mesmo final de semana simultaneamente em diversos lugares do país. Muitos dizem que nos eventos atuais a preocupação dos organizadores e produtores é meramente capitalista, pouco se importando com a cultura que cerca a música eletrônica. Como você analisa isto?
Acho que é um movimento natural do sistema capitalista. Com os hippies isso também aconteceu. Surge um movimento contracultural que atrai muita gente justamente pelo fato de ir contra o sistema, mas logo os empresários percebem que isso pode gerar grana e transformam a contracultura em mais um produto. É inevitável que isso aconteça.

E acha que o público atual das raves está preocupado com esta cultura? Ou teria outros motivos que o instigassem a frequentar tais lugares?
Eu me arrisco a dizer que, atualmente, uma minoria se preocupa com algum tipo de cultura que possa existir por trás das festas. A maioria está lá pra curtir uma balada e ponto final.

O que vem crescendo com o passar dos dias também são leis e projetos para, de uma forma velada, proibir a realização de festas, porém, segundo as autoridades, o que vem sendo feito é a regulamentação deste tipo de manifestação cultural. Qual sua opinião sobre tal acontecimento?
Sou contra a proibição das raves. Acho que leis arbitrárias como as que estão sendo propostas só incentivam a ilegalidade. E se for proibir por conta das drogas, vai ter que proibir o carnaval, as micaretas, as festas de pagode, de axé, vai ter que proibir até o ano novo, haha, aí eu quero ver.

Como foi acompanhar de perto a “construção” de um Universo Paralello, festival que ocorre na Bahia, e movimenta a economia local. Qual a importância de eventos deste porte para a cultura e amantes da música eletrônica?
Foi um processo de apuração bem tenso, pra falar a verdade. Porque quando você olha pra tudo aquilo pronto, não pode imaginar o nível de tensão que envolve uma produção tão complexa. E quando estão todos com os nervos à flor da pele, ninguém quer um repórter fazendo perguntas por perto.
Mas no final, o pessoal conseguiu colaborar com o livro. E o UP é um evento fantástico, que coloca o Brasil em posição de destaque no roteiro internacional dos festivais de música eletrônica.


Segundo relatos em seu próprio livro, você utilizou ecstasy para retratar o universo eletrônico de forma mais intensa e realista. Realmente acha que tal fato seria necessário? Isso não mostra, a mesma visão sensacionalista e preconceituosa que a população e outros meios de comunicação já possuem das pessoas que frequentam tais eventos e participa desta cultura?
Acho que foi necessário, sim, para compreender melhor esse universo. E acho que não reforça preconceitos. Pelo contrário. O preconceito é uma visão de quem não conhece alguma coisa, de quem fala sobre algo saber exatamente do que se trata. Eu fiz o contrário. Vivi a experiência antes de falar dela.
E aí, acho que minha atitude bate de frente com uma montanha de hipocrisia. Por um lado, temos a sociedade que proíbe as drogas mas oferece punições ridículas a quem é pego portando substâncias ilegais. Isso só tem um resultado: aumenta o poder do tráfico. Do tráfico que sustenta toda a sorte de políticos e policiais corruptos.
Do outro lado, no nosso caso, temos uma boa parcela dos ravers que não só usa drogas como faz campanha. Não foram poucas as pessoas que me disseram que se eu não tomasse, eu não entenderia esse universo. Até aí tudo bem. Eu não vejo muita diferença entre um baseado e uma cerveja e sou a favor da liberdade individual.
Agora a hipocrisia está no fato de que algumas pessoas se sentiram ofendidas porque eu retratei a relação das raves com as drogas. E retratei da forma mais imparcial possível, de uma forma aberta, sem condenar quem usa e mostrando que as drogas provocam sim experiências deliciosas. Seria preconceito se eu não tivesse tomado e colocasse apenas a visão do Denarc, ou dos psiquiatras.

De todos os fatos e histórias que você vivenciou para escrever o Festa Infinita, qual (quais) você destacaria? Por que?
Acho que a vivência mais fantástica foi o Trancendence. Porque acompanhei uma excursão de ônibus em meio a 40 malucos. Saí de São Paulo com eles e enfrentei mais de 30 horas de estrada. Depois passei uma semana inteira acampado no meio do festival, vivenciando a fundo aquilo tudo. Foi um trabalho muito intenso de imersão. E bem divertido também.

Alguns leitores criticaram o livro por você ter se baseado em algumas festas de São Paulo e festivais, não levando em consideração festas que ocorrem em diversos lugares do país, em que cada local tem sua peculiaridade. Por que suas pesquisas foram concentradas em São Paulo?
Dinheiro. Gostaria muito de poder viajar o país, quem sabe até o mundo, para escrever um livro. Mas a realidade que se impõe é outra.


Já existe algum projeto para uma “continuação” do Festa Infinita? Quais são seus planos como jornalista?
Não existe projeto de continuação, nem acho que vá existir. Meu próximo projeto não é propriamente jornalístico. É um romance, uma ficção longa na qual venho trabalhando há alguns anos. O livro está passando pelos últimos ajustes e se tudo der certo, será publicado em breve.

Tomás, muito obrigado por ter aceitado participar desta entrevista. Gostaria que você deixasse uma mensagem para todos os leitores do blog e amantes da música e cultura eletrônica.
A minha mensagem vem na forma de um pedido. Apesar de Festa Infinita não ser um livro de denúncia e de forma alguma ir contra as raves (muito pelo contrário), tenho sofrido críticas violentas por parte de integrantes do mundo raver. E o pior é que essas críticas, via de regra, são feitas por pessoas que não leram o livro. Quem lê, mesmo os mais aficionados por este universo, gosta do livro. Não são poucos os que me procuraram para elogiar.
As críticas são as mais diversas. Já fui chamado de sensacionalista, de careta, de drogado, de superficial, de garoto propaganda do Universo Paralello, e até de homossexual (como se isso fosse xingamento).
Mas a crítica mais recorrente é que falo sobre um assunto que não conheço. E aí é que está a graça. Quem fala isso, é porque não leu o livro. Porque eu passei um ano inteiro estudando e vivenciando esse universo. Então os que aplicam esse discurso, estão, na verdade, praticando aquilo que condenam. Estão julgando o livro sem saber do que se trata.
Por isso, peço encarecidamente que se quiserem falar do livro ao menos leiam antes.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Tribe

A Tribe teve sua primeira edição em dezembro do ano 2000, em um sítio de Itapecerica da Serra (SP) onde contou com um público de 50 pessoas, por causa de temporal que teve em São Paulo, já sua segunda edição, que também foi realizada no mesmo lugar do que a primeira, mostrou o futuro que tal festa teria, tendo um público de 400 pessoas. No ano passado a Tribe teve 8 edições realizadas em 5 estados diferentes, além da Tribe on Board, tendo um público médio de 10 mil pessoas por festa, possuindo investimentos em torno de 1 milhão de reais, gerando em algumas raves um giro de capital superior a 2,5 milhões de reais. O maior público registrado da Tribe foi em Itu, em Dezembro de 2005, contando com 25 mil pessoas.


Com tamanho sucesso, não demoraria muito, para a já chamada “mais querida rave” de São Paulo, chegar ao Rio, e com uma mega e ampla divulgação, a Tribe Rio teria sua primeira edição realizada em outubro de 2006 em um lugar inédito, em Pedra de Guaratiba. Ninguém nunca tinha escutado falar do local, a Eco Arena, seria construída especialmente para a rave, algumas fotos do lugar ainda sem nenhuma estrutura foram divulgadas, o que agradou muito aos futuros frequentadores daquela festa que aconteceria pela primeira vez em terras cariocas, já que aquele era cercado de verde e todos esperavam uma estrutura nunca vista antes, tendo em vista o nome e consideração que tal festa tem em São Paulo e o line de peso que se apresentaria durante o evento, entre os Djs principais estavam Xerox e Illumination, Astrix e D-nox e Beckres.

Contudo, ao chegar na Eco Arena, que logo passaria a ser chamada de “EcA arena”, o que víamos era um grande descampado extremamente cheio, que com o clarear do dia também chegou um calor infernal, e como não tinha nenhum lugar que desse para se refrescar por ali, a produção tratou de levar para a pistas alguns caminhões pipas-d'água, levando assim seu público ao delírio e dando um novo ânimo para este curtir a festa até o final. E ainda, vale lembrar da grande poeira que foi levantada, deixando todo o público imundo. Lembro que a grande preocupação era de que não se repetisse o ocorrido na Eupholama no mês anterior a Tribe, e segundo a produção, aquele terreno seria o ideal para não se fazer lama como no Haras dos Anjos naquela fatídica e memorável Euphoria (apesar de não ter ido! =/), mas não contavam com o clima seco e quente que se instalou sobre nossas cabeças.

Em 2007, a mais perfeita e falada edição da Tribe foi realizada em Itaboraí, no Happy Land. Eu que já havia ido em todas as raves realizadas neste local, alias, só não fui na E-concert 2006, nunca tinha visto o H.L com aquela estrutura maravilhosa, que serviu de palco para apresentações inesquecíveis dos melhores Djs da Hommega, inclusive com o dono deste selo, o Eyal Yankovich aparecendo de surpresa para tocar. Com um clima ímpar de felicidade e união entre as pessoas que não deixava a pista morrer nunca, a Tribe foi encerrada sem nenhuma justificativa durante a apresentação do D-nox e Beckres, onde os frequentadores souberam do real motivo através de meios de comunicação que não se cansaram de divulgar matérias sensacionalistas sobre eventos de música eletrônica, deixando a Tribe e as raves em todas páginas policiais do Brasil, por causa da morte de um adolescente durante a festa que aconteceu em Itaboraí.

Já em 2008, com sua primeira edição realizada no RioCentro, local que se tornou o “mais seguro” para uma festa de grande porte como é o caso da Tribe, após o ocorrido no Happy Land, trouxe um line um tanto quanto repetitivo, não agradando os amantes da Tribe, e o que salvou, na minha opinião, a festa, foi a pista alternativa, a Tribe Club que foi comandada por Marko Nastic, King Roc, Gaz James e Valentino Kanzyani.

Agora em 2009, pela primeira vez a Tribe foi anunciada para o dia 25 de julho, e como não poderia de ser, a má sorte está presente mais uma vez em uma edição da Tribe Rio, após o cancelamento de todos eventos de música eletrônica no RioCentro depois da última edição da Chemical Music, fazendo com que fosse adiada a edição deste ano, para o dia 3 de outubro por falta de local para a realização desta. Com isso, algumas das atrações confirmadas para a Tribe Rio de julho serão vistas em uma edição indoor da Orbital, no mesmo dia 25 do próximo mês.

Comunicado oficial:
“A Tribe informa ao público que acompanha e prestigia a festa por todo o Brasil, que a edição que seria realizada no dia 25 de Julho no Rio de Janeiro NÃO FOI CANCELADA, mas sim ADIADA para o dia 03 de Outubro, em função de divergências entre a produção do evento e a direção do local onde seria realizada a festa (Rio Centro).
Pela demora na solução do impasse, a produção entendeu por bem adiar e recolocar o evento em sua data tradicional no Rio, que é Outubro. Outras opções de locais à altura da festa já estão sendo levantadas e em breve será divulgado um novo local, caso não haja uma solução no próprio Rio Centro.
No entanto, o público carioca já pode se agendar para a celebração da paz na 4ª edição da Tribe Rio em 03 de Outubro de 2009. Maiores informações sobre local, line-up e ingressos serão publicadas em breve.”

Agora, é aguardar e torcer para que a Tribe volte ao Rio em outubro com muita boa sorte para nos dar uma edição inesquecível e de muita qualidade.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Kaballah @ 27Junho

No próximo dia 27 de junho, sábado, o Haras dos Anjos, um dos locais mais queridos dos amantes de música eletrônica do Rio de Janeiro, recebe mais uma edição da rave que conquistou o público carioca desde a sua primeira edição por aqui, em 2007 , alcançando uma lotação de 16 mil pessoas no último evento realizado. Neste próximo fim de semana, a Kaballah promete voltar a cidade para ser mais uma festa inesquecível, com um line espetacular, em que mais uma vez privilegia o low bpm, com a dupla residente David Amo e Julio Navas, além de grandes nomes como Liquid Soul, John Acquaviva, Popof e Gustavo Bravetti, por exemplo.

Release Oficial:
“Nascido em 2003, nos arredores de Campinas (São Paulo), o Festival Kaballah seguia uma tendência mundial inevitável - o surgimento das grandes festas de música eletrônica ao ar livre. O festival consagrou-se ao longo dos seus seis anos proporcionando entretenimento de qualidade para um público ávido por informação, formador de opinião e atento aos movimentos sociais e as transformações culturais.
Em 2009, a tour terá 11 edições , propagando respeito e sustentabilidade por meio de música, arte e natureza. De Curitiba a Cuiabá serão 11 eventos divididos entre 9 cidades e 6 estados diferentes. O festival esse ano apresentará 3 mega edições em São Paulo além da edição especial do Rio de Janeiro, esta que tem o orgulho de ser a maior festa da cidade com mais de 16 mil pessoas em julho de 2008.
"Explorar todas as vertentes da música eletrônica", essa sempre foi a diretriz do festival. Dos consagrados artistas escolhidos pela votação mundial da revista inglesa DJ MAG aos desconhecidos e futuras revelações, uma síntese: a incansável busca por boa música.
Com direção artística criativa que não se prende apenas aos artistas de fama óbvia mas que se preocupa com tendências e novidades da cultura eletrônica. O festival Kaballah tornou-se uma vitrine nacional onde novos ídolos surgem a cada edição.
Esse ano de 2009 é especial para a Kaballah, apoiando a multiplicidade de formas, cores e sensações. Todas e tudo como um, a união das diferenças e expansão da individualidade. Comemore, isso é uma conquista sua!
Edição Rio de Janeiro
Tendo o Haras dos Anjos, em Santo Aleixo, como cenário a Kaballah chega do Rio com a força de ser a maior festa que o carioca já viu. Na edição de 2008 mais de 16 mil pessoas puderam presenciar o que existe de melhor em tecnologia e artistas da música eletrônica. Serão 12 horas de muita música e interação entre artistas e público, proporcionando assim o máximo de sensações.
Nesta edição mais que especial teremos dois stages: Mais Stage e Cocoon Stage. Artistas do mundo inteiro estarão presentes no evento que promete ser ainda maior que do ano passado.

Main Stage supported by Dance4Life
É o palco principal onde a música consagra os artistas de forma mais marcante. Diferentes a cada ano, iluminado e imponente, em 2009 seu alcance irá além da música, divulgando e apoiando o programa de combate a AIDS, Dance4Life. 5% da renda de ingressos será revertida a causa. Dance4Life é uma iniciativa internacional que através da linguagem da música e dança envolve, mobiliza e une os jovens de todo o mundo, de forma ativa, para conhecer e combater o contágio do virus HIV e a disseminação da AIDS, bem como afastas os estigmas e tabus que rodeiam esse assunto.


MEGABAND (INGLATERRA / ISRAEL)
http://www.themegaband.com/
Megaband é o mega projeto formado pela união de dois peso-pesados do psytrance, o inglês Eskimo e o duo israelense Void. O objetivo é, influenciados por bandas como The Prodigy, Led Zeppelin, Sex Pistols e White Stripes, juntar a maior quantidade possível de energia sonora e explodí-la numa onda de rock psicodélico eletrônico alucinante. O grande sucesso do projeto demonstra que esse objetivo vem sendo alcançado. Não perca!

AMO + NAVAS (ESPANHA)
www.myspace.com/amonavas
David Amo e Julio Navas são especiais. Engenheiros de som, conseguiram desenvolver uma sonoridade característica, própria, algo como um electro house espacial. Vieram ao Brasil pela primeira vez em março de 2006 e, desde então, viraram história. Apresentaram sua música para dezenas de milhares de pessoas, remixaram do pop de David Guetta e Coldplay ao techno de Acquaviva e Giacomotto e nunca pararam de inovar, assim como a festa que é a casa desses talentosos espanhóis.

JOHN ACQUAVIVA (CANADÁ)
www.myspace.com/acquavivadj
Um artista com uma história grandiosa na música eletrônica detentor de vários hits e que influenciou uma geração inteira de amantes da música. É assim que podemos definir com maestria John Acquaviva. Acquaviva iniciou sua carreira internacional em 1989 e foi o primeiro a levantar a bandeira do final scratch. Ao longo de seus 20 anos de carreira arrebatou fãs por todo o globo. Sua busca intensiva por novas tendências o tornou um artista diferenciado e com técnica impecável. Um set desse artista é simplismente imperdível.

SHANTI (HOLANDA)
www.myspace.com/shantimatkin
Considerado um dos principais artistas da cena trance, iniciou sua carreira muito cedo (aos 13 anos já tocava em clubs em Amsterdam). Com passagem por clubs no mundo inteiro , tem um estilo único cheio de groove e bass line marcante além das fortes influências do techno e house. Shanti é tão importante para a cena trance que assina a trilha sonora do Quest's Gathering (um dos maiores festivais de trance do mundo).

PROTOCULTURE (ÁFRICA DO SUL)
www.myspace.com/protocultureonline

Uma das forças do psy trance mundial, Nate Rauberheimer iniciou sua carreira profissional aos 20 anos e teve uma ascensão meteórica! Com passagens emocionantes em festivais como Kaballah, Creamfields, Universo Paralelo e SOS o projeto esteve ao lado de grandes artistas Paul Van Dyk, Sasha, Orbital, entre muitos outros. Suas remixes para artistas como Fatali, Binary Finaly, Freq entre outros, são notórios e executados até pelos artistas que encomendaram a releitura.

FLIP FLOP (INGLATERRA)
www.myspace.com/flipflopmusic
Considerado um dos principais artistas da cena trance, iniciou sua carreira muito cedo (aos 13 anos já tocava em clubs em Amsterdam). Com passagem por clubs no mundo inteiro , tem um estilo único cheio de groove e bass line marcante além das fortes influências do techno e house. Shanti é tão importante para a cena trance que assina a trilha sonora do Quest's Gathering (um dos maiores festivais de trance do mundo).

LIQUID SOUL (SUIÇA)
www.myspace.com/liquidsouliboga
Nicola Capobianco aka Liquid Soul, é produtor desde 2001. Mas foi em 2006, quando lançou seu 1º. álbum, que surgiu como a grande revelação do trance progressivo e um dos principais artistas da Iboga Records. Sua música é bastante dançante e hipnótica, com fortes raízes no progressive trance e morning trance. Seu último álbum chamado “Love in Stereo”, lançado em 2008, tornou-se uma obra-prima do artista. Não é a toa que consquistou o segundo lugar como melhor artista em sua categoria no premio BeatPort Music Awards e venceu também em melhor track com a “PROPHECY”. Com seus novos hits, seu live está ainda mais poderoso. NÃO PERCA!

Line Up:
23:00 SCI LIMITS
00:30 DITHFORTH
02:00 THE REALITY SCIENTIST
03:00 FLIP FLOP
04:00 SHANTI
05:00 MEGABAND ESKIMO + VOID
06:00 PROTOCULTURE
07:00 LIQUID SOUL
08:00 DAVID AMO & JULIO NAVAS
09:30 JOHN ACQUAVIVA


Cocoon Stage
Reproduzir a essência dos clube, lugares onde a música eletrônica tem residência fixa, é uma obrigação para qualquer festival. Tendas, coberturas, luz e imagem completam a sensação enquanto dançarinas estimulam a dança e a liberdade de expressão. Em 2009 o tema desse stage será justamente uma das maiores marcas desse segmento, Coccon. Sediada em Frankfurt, onde está o Cocoon Club, e reunindo quase 10 mil pessoas toda segunda feira do verão europeu em Ibiza, no club Amnésia, trata-se de uma multiplataforma de divulgação dessa cultura.

POPOF (FRANÇA)
www.myspace.com/popofheretik
Fenômeno de vendas no Beatport, Popof é uma espécia de Deadmau5 do underground. Suas criações são totalmente originais, juntando peso a diferentes atmosferas, e o resultado é o techno do século XXI. Segunda vez no Brasil, segunda vez na Kaballah, um dos favoritos da casa. Imperdível!

MARKUS FIX (COCOON / ALEMANHA)
www.myspace.com/markusfix
Jovem porém experiente, Markus está há mais de 10 anos representando a efervescente cena de Frankfurt, casa de Sven Vath e da própria Cocoon. Sua útilma contribuição vem sendo a definição de uma nova sonoridade das pistas modernas, o novo tech-house de Frankfurt, ao lado de talentosos conterrâneos como Reboot, Johnny D, dentre outros. Primeira vez no país!

CHRIS TIETJEN (COCOON / ALEMANHA)
www.myspace.com/christietjen
Chris é residente do Cocoon Club, em Frankfurt. Protegido de Sven Vath, seu estilo é bastante parecido com o de seu tutor, inclusive na preferência por discos de vinil. Junto com Markus Fix, Chris é um dos expoentes da efervescente cena eletrônica desta cidade.

Line Up:
23:00 JAY B
01:00 FELIPE ASSAD
02:30 GUGHA
04:00 GUSTAVO BRAVETTI
05:00 POPOF
06:30 CHRIS TIETJEN
08:00 MARKUS FIX

Contatos e maiores informações:
email: contato@innovaproducoes.com.br
http://www.kaballah.com.br/

sábado, 20 de junho de 2009

Review: Space People @ 19Junho


Chegando a The Week encontrei uma fila bem organizada para entrar, ainda eram poucas as pessoas que chegavam, mas, considerando as outras vezes que fui lá, a organização era nítida. Vi a “nave” ficar bem cheia, mas nada insuportável, dava para dançar muito bem. A produção realmente está de parabéns.
Em relação ao line, eis que quando chego quem está no palco é a Paula J. Bastos, para ser bem sincero, o som dela não me agradou, não conseguia “entender” aquilo, ainda tentava dançar, me animar com a música, mas não conseguia, e para completar ela mandou uma música com um “solo de violino” que.... prefiro nem comentar. Em seguida entrou o Speaker Brothers, que deu cara de “festa” à festa, nunca tinha escutado o som deste projeto, formado pelo Ravi Fornari e Júnior (Analog Drink), e este sim curti bastante, voltado para o Techno/House, o público que ia chegando já encontrava um som de qualidade e bem dançante. Fiquei e agora estou na vontade de ver esse projeto em um evento open air, deve ser ainda melhor.
Já quando entra o Pablo Barboza, com seu PuntaLibre no palco, e com suas primeiras batidas penso: “Agora sim temos um som 'sério'!”. Uma palavra resume a apresentação: Sensacional! Entedi porque Djs como Tiesto, tem elogiado o Pablo. Com a The Week já bem cheia, difícil era ver alguém parado, um set lindo, que dá até “pena” de se escutar/ver pouco por terras brasileiras.
Após o PuntaLibre, chega a vez do mais esperado projeto da noite, o Dusty Kid, que com sua cara de “poucos amigos” começou muito bom, parecendo que ia explodir com a pista, mas fez em toda sua apresentação um som bem reto e regular, com poucas “explosões” e batidas que levaria o público ao delírio, gostei bastante, músicas de qualidade, mas, sinceramente, nada de diferencial, como falam tanto por aí, tudo que vi, tenho a plena consciência que outro Dj de qualidade também tem capacidade de fazer. Resultado disso, que durante a apresentação do Dusty a boate foi esvaziando gradativamente, e quando Ung e Bastos começou a tocar, poucas eram as pessoas que ainda permaneciam lá para escutar uma música de qualidade, e muito dançante.
No geral foi um evento de qualidade muito boa onde a surpresa da noite foi o PuntaLibre. E fato que agora é esperar as próximas paradas dessa nova jornada dos amantes de uma música eletrônica de qualidade.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Entrevista PuntaLibre

Após ter tocado no último reveillon do Costa Brava, o duo uruguaio Puntalibre, formado por Pablo Barboza e Filter Cutz, volta a cidade maravilhosa para mais uma apresentação, esta que acontecerá na próxima sexta-feira na The Week, na festa SPACE PEOPLE, produzida pela Cultura Eletrônica.
Após o remix da música “Deliver Me” de Tim Davison figurar no top 10 do Paul van Dyk e de ser tocada no Creamfields do ano passado de Punta Del Este por Hernan Cattaneo, o PuntaLibre passou a integrar a gravadora inglesa que tem sob seu comando nomes como D-nox, Brisker & Magitman e Tim Davison.
Ainda pouco conhecido em terras brasileiras, o PuntaLibre promete uma noite incrível para todos que comparecerem a Space, e assim de acordo com o conceito da festa, o projeto também trará novas sensações e experiências.

1. Conte um pouco da história de vocês e como surgiu o Puntalibre.

Pablo: O Puntalibre surgiu após uma série de remixes que fiz com Filter Cutz, e se concretizou quando decidimos trabalhar juntos em estúdio. E a idéia do nome foi sugerido pelo Nick, manager do selo Rapid Response Recordings, dos USA, com quem trabalhamos e editamos vários trabalhos.

2. Quais os Djs e projetos influenciaram na maneira de tocar e nas músicas produzidas pelo Punta?

Muitos Djs nos influenciaram, alguns deles são: Hernan Cattaneo , James Zabiela , Laurent Garnier , Sven Vath ..


3. O que diferencia o som do Puntalibre para com outras produções do mesmo gênero?

Penso que o diferencial é que nossas produções tem sido tocadas por grandes djs, fazendo com que a track se torne especial e se destaque das demais.

4. Quando vocês entram em estúdio para produção de uma música, já chegam com um objetivo “construído” em mente ou a construção de idéias para um resultado final vai acontecendo durante a produção?

Sempre surgem idéias durante as produções, e assim, as colocamos em prática...

5. Qual a importância de manterem juntos um projeto de qualidade como o PuntaLibre, porém paralelamente a este, manterem suas carreiras e produções individuais? Como isto ajuda no crescimento profissional de ambos?

Sem dúvida quando dois produtores trabalham juntos, e dividem experiência e técnica, isto ajuda, e muito, a crescer profissionalmente.

6. É mais difícil a produção de uma música inédita ou o remixe de uma música que já é um grande sucesso? Quais as suas peculiaridades?

Penso que as duas opções são similares, pois quando fazemos um remix também criamos faixas originais, o que leva o mesmo trabalho do que fazer uma música nova.
Mas sempre o resultado de uma música inédita pode ser mais interessante.

7. Sobre o EP chamado “Mecanik” lançado pelo Pablo o Tiesto falou: "Realmente gostei, principalmente a luxuosa 'Way Out', que tem uma base puxada, e 'Simple Minds', com seu ritmo cadenciado e hipnótico". Como é ter um elogio destes e um reconhecimento de um dos maiores Djs do mundo?

O Tiesto tem sido muito bom conosco, no ano de 2007 quando esteve em sua turnê World Tour - Elements of Life, nos pediu exclusividade da track Sky Deep, e a tocou em seus shows e, São Francisco, Berlin e Ibiza.

8. Você acredita que o fato de vocês não ter surgido no centro da música eletrônica, ou seja, o eixo Alemanha – Inglaterra - Holanda, atrapalha a comercialização do seu som?

Hoje não existem mais fronteiras, os Djs da Alemanha e da Inglaterra buscam novas músicas na América do Sul, já que temos produções de grande nível. E em nosso caso, estamos editando para selos Ingleses, Espanhois, Italianos, Americanos, Canadenses...Se sua música é boa , ela percorrerá o mundo.

9. DJ que vem desse eixo tem mais chance de virar astro do que aqueles que surgem fora deles?

Antigamente, a uns 10 anos atrás, isso aconteceu, mas hoje penso que a cultura eletrônica não tem mais bandeira.

10. Vocês objetivam entrar na lista top 100 da DJ Mag ou vocês tratam essa questão com indiferença?

Se acontecer algum dia, será bem vindo, porém não é o que estamos buscando.

11. Como é saber lidar com pistas dos mais variados lugares que vocês já tocaram?

Muito divertido.

12. Em quais lugares do Brasil você já tocou?

Passo Fundo , Petropolis , Sao Paulo , Timbo, Londrinas, Belo Horizonte, Rio de Janeiro ...
13. Há alguma peculiaridade que diferencia entre tocar no Uruguai e no Brasil?

No Brasil o povo é mais alegre e entusiasmado, e isso se reflete na pista de dança.

14. Muito obrigado por terem aceitado a participarem desta entrevista. E espero que nesta próxima sexta, na Space People, vocês façam uma apresentação incrível e inesquecível tanto para o público, como para vocês. Deixe aqui um recado sobre o que podemos esperar da apresentação de vocês na The Week.

Muito Obrigado, e espero todos na The Week para uma noite incrível.

Gostaria de deixar aqui meu agradecimento ao Fábio Amorim que intermediou a entrevista e que efetuou algumas das perguntas também.

Então...
Nos vemos sexta, na primeira parada da Space People, a Explorer, na The Week, com Dusty Kid e PuntaLibre.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

David Guetta em "When Loves Takes Over"

Com lançamento do novo álbum previsto para agosto o DJ e produtor David Guetta conquistou o topo do Ranking dos “singles” mais vendidos da Billboard com a "When Loves Takes Over", além de ser uma das músicas mais executadas nas mais importantes rádios americanas de dance e pop, como as nova-iorquinas Z100, WKTU e na Pulse 87, e está na lista de mais executadas da B96, de Chicago, e da Movin’, de São Francisco.

Myspace: http://www.myspace.com/davidguetta



terça-feira, 16 de junho de 2009

Space People @ Explorer Edition

O Astronauta aterriza na próxima sexta feira, dia 19 de junho, no Rio de Janeiro, exatamente na The Week, onde nos permitirá buscar novas experiências e novas maneiras de explorar os sentidos. Estes que cada vez mais é menos utilizado, pois nessa correria caótica do dia a dia pouco paramos para perceber o mundo que nos cerca, tudo acontecendo muito rápido e instantâneo sem dar tempo de respirarmos direito, com isso a Space People chega cheia de tecnologia para aguçar todos nossos sentidos, principalmente a audição através de muita música de qualidade, em que a nave será comandada por nomes como Dusty Kid e Puntalibre, e nos permitir uma “parada” onde irá unir as melodias “dos pilotos”, com as sensações que estas irão nos proporcionar, para que assim possamos aproveitar uma bela noite e perceber que no meio da “selva de pedras” existe vida e prazer.
E com a idéia de trazer o futuro para o presente, a Cultura Eletrônica promete fazer um evento que entrará para a história da noite carioca, e essa jornada está apenas começando, nesta sexta acontecerá a primeira parada, das 4 fases (Explorer, Discovery, Evolution e Underground Society) de uma jornada que pretende nos proporcionar novas sensações e descobertas, para que assim possamos dançar e divertir com pleno domínio do espaço através das mais novas músicas eletrônicas junto com uma iluminação “high-tech” que nos remeterá a uma viagem espacial e ambientação futurística.

EXPLORER
Explorando os Sentidos

A primeira estação desta jornada, representa a busca do ser humano por novas experiências e novas maneiras de explorar os sentidos, levando à uma nova visão da realidade. Isso nos traz diferentes formas de viver e encarar o mundo cotidiano, permitindo assim grandes descobertas e mudanças. Este será apenas o início de uma longa e emocionante história contada também por você.”

Line Up:
23h :: Paula J Bastos
01h :: Speaker Brothers Live
02h :: PUNTA LIBRE (Baroque Rec. / Uruguai)
04h :: DUSTY KID LIVE! (Crash / Itália)
05h :: Ung & Bastos Live+Set

Releases:
Punta Libre:

"Realmente gostei, principalmente a luxuosa 'Way Out', que tem uma base puxada, e 'Simple Minds', com seu ritmo cadenciado e hipnótico."
Essa é a opnião de Tiesto sobre o EP chamado "Mecanik", lançado pelo uruguaio Pablo Barboza aka PUNTALIBRE, que volta ao Rio de Janeiro após ter tocado no Reveillon do Costa Brava 2008/2009. Seu remix da música "Deliver Me", do inglês Tim Davison, foi tocada por Hernan Cattaneo na Creamfields 2008 de Punta de Este e figurou no top 10 do Paul van Dyk, o que o levou a integrar o time da gravadora inglesa Baroque Records, que tem em seu cast djs como D-nox, Brisker & Magitman e, claro, Tim Davison.
Prepare-se. Esta noche usted bailará con: PUNTA LIBRE!”
http://www.myspace.com/puntalibre

Dusty Kid:
Ele é considerado por muitos DJs um garoto prodígio. Na música clássica desde bem pequeno, foi migrando seu interesse para a música eletrônica, até lançar com 19 anos seu primeiro single. Em 2007, suas produções apareceram em todos os playlists, de Riton a Sven Vath, de Digitalism a Richie Hawtin o fazendo tocar Europa à fora sem parar.
Para Paolo Lodde não foi difícil conquistar tantos fãs brasileiros depois de algumas apresentações por aqui. Em mais uma tour pelo Brasil, ele vem pela seguda vez ao Rio de Janeiro para o lançamento do seu álbum de estréia intitulado "A Ravers Diary". Extremamente criativo e ousado, Dusty incorpora seu próprio som e o resultado é puro frenesi : melodia, dança, groove, brakes e uma verdadeira atitude techno. Com certeza será o ponto alto desta noite inesquecível!
http://www.myspace.com/dustylittlekid

segunda-feira, 15 de junho de 2009

“O quê que a ‘Alemanha’ tem?”

Desembarca em terras tupiniquins no mês de agosto, Aaren San, considerado um dos melhores produtores alemães da leva “electro/house/minimal/tech” (tudojunto), que a julgar pelos dj’s que o tem como referência (D-nox, Miles Dyson, Electrixx, e por aí vai), e estilo de som que indubitavelmente vem bombando por aqui, tem tudo pra ser mais um alemão a cair nas graças do público carioca.
Enquanto o cara não dá o ar da graça, a gente aproveita pra dar uma passeada pela história da música eletrônica na Alemanha, a propósito de compreender inclusive, algumas influências que me parecem claras nas produções de Aaren San, e do próprio Miles Dyson que, em 2008, só faltou tocar em inauguração de padaria. Um som que conquistou completamente os cariocas.

Que a Alemanha é um dos pólos mais ativos da música eletrônica mundial, desde os primórdios, todo mundo sabe. Assim como Detroit está pro Techno, ou Chicago pro House, quando buscamos compreender as raízes do electro, não há como não fazer referência aos alemães.
Lá se vão mais de 30 anos desde que os Kraftwerk começaram a utilizar sintetizadores em suas músicas, dando origem ao som que posteriormente, híbrido, se tornaria o electro.
No final da década de 70, numa época que o hip-hop ainda nem havia se consolidado, a música dos Kraftwerk invadiu o gueto negro de Nova York, culminando em uma mistura absolutamente inusitada: de um lado, a maquinaria eletrônica experimental, presente na vanguarda intelectual alemã, do outro, artistas de vivência artística de rua, com a musicalidade no sub-mundo do funky, que começavam a ter acesso a recursos da eletrônica, nascia então, o electro-funky.

Paralelamente, também sob influência do electro alemão, o Techno dava os seus primeiros passos em Detroit, e após se popularizar na Europa, como num efeito rebote retorna a Alemanha, se consolidando como uma das cenas mais undergrounds do país.
Ao longo dessas décadas, o electro foi sofrendo influências de vários outros movimentos, e dessa sinergia cultural e sonora de outros países, ele foi se ramificando da forma mais globalizada possível, vide electro-clash em NY.
Obvio que esse esboço histórico não tem a pretensão de traduzir de forma absoluta nem a história da música eletrônica alemã, tampouco elucidar totalmente as inúmeras referências que provavelmente os artistas em questão têm (do próprio minimal, inclusive). Mas, dá de pensar que todo esse groove denso e funkeado, que tem nos conquistado, possui influências muito bem demarcadas no etectro-funky, e até mesmo no techno mais ‘sombrio’, pesado, que se desenvolveu por lá.
O fato é que essa herança musical, somada a um bass line agressivo, breaks curtos e secos, grooves sujos, e um que de ‘soturno no ar’, tem culminado em Lives dos mais contagiantes que, aliados às performances vigorosas dos dj’s, conquistaram um espaço cativo no público carioca.

E pros amantes dessa ‘vibe’ alemã que vem espancando nos dance floors da vida ultimamente, podem se preparar.
Porque na escola onde essa galerinha se formou, Aaren San é PHD.

Este excelente texto foi produzido pela Mar, aquela que com seu perfil "psicose" único, como que saída do filme de Hitchcock, para deixar todos boquiabertos com suas opiniões, a partir de hoje vai aparecer esporadicamente por aqui com suas resenhas e opiniões de grande qualidade e conteúdo, contribuindo assim para que o blog tenha ainda mais informações e conteúdos para acrescentar aos amantes de música eletrônica.

Minimal Nation, um dos discos mais influentes do techno, relançado hoje, 15 de junho.

A DJ Eli Iwasa ganhou um espaço na revista DJ Mag Brasil para falar sobre música eletrônica e tudo que envolve este mundo, em sua matéria de estréia ela fala sobre o relançamento do clássico álbum Minimal Nation, que até então, eu, como a maioria dos leitores daqui desconhecia, e por achar uma matéria super interessante, resolvi postá-la aqui na íntegra.
Segue a matéria:

"Nessa onda toda de minimal, pouca gente olhou para trás na história do techno e enxergou as verdadeiras raízes do estilo que dominou as pistas - as capas de revistas, sites, cases e até toalhas de banho aparentemente - mundo afora. Não, ele não nasceu em Berlin. Muito menos em 2004. Por falta de informação (e ninguém tem obrigação de nascer sabendo, especialmente quando o assunto é música), já ouvi disparates que fizeram meu pobre coraçãozinho parar por alguns segundos.
Volte uma década e meia, em plena Motor City, Detroit, Estados Unidos.
Em 1994, foi lançado o álbum considerado o marco zero do minimal - em que o lema de "menos é mais" foi levado às mais radicais interpretações com loops e bases rítmicas despojadas de qualquer excesso. Mais do que um disco, o "Minimal Nation" de Robert Hood, foi uma grande manifestação artística e uma declaração do caminho que Hood queria imprimir dentro do techno - seu caráter inovador e sua busca pelo ritmo perfeito incorporaram essa vocação do estilo de sempre olhar para frente e buscar novas perspectivas. E ao contrário dos recentes lançamentos de "minimal" que invadiram os charts e de certa forma, banalizaram o techno ao usarem e abusarem de fórmulas e sonoridades consagradas, as músicas de "Minimal Nation" privilegiavam o experimentalismo, funk, o groove, a alma do estilo, porque nunca esqueceu que era afinal de contas, música para dançar.
É a alma do techno feito em Detroit guiava as produções dessa geração de produtores - Hood, ao lado de seus companheiros no lendário grupo Undergound Resistance Jeff Mills e Mad Mike, assim como Derrick May e Juan Atkins - ajudou a abrir fronteiras, incorporando acid, elementos de industrial e house de Chicago em suas produções, aliados ao conteúdo político e questionador do UR, e influenciou toda uma safra de artistas que veio a seguir - Richie Hawtin e Surgeon entre tantos e tantos DJs e produtores que incansavelmente, citam Hood e seus contemporâneos de Detroit.
Agora não tem mais desculpa - no dia 15 de junho, será lançado uma edição especial de "Minimal Nation", agora também no formato digital e em CD, completamente remasterizado e com a faixa bônus "SH-101", ainda inédita e produzida nas sessões de estúdio originais do disco e um CD mixado por Hood. É daqueles álbuns obrigatórios para qualquer discoteca, que vai surpreender muita gente com sua sonoridade tão inovadora, criada há 15 anos atrás. Não foi à toa que na ocasião de seu lançamento, o Minimal Nation pavimentou uma grande mudança na direção do techno, e é considerado hoje, um dos discos definitivos da história da música eletrônica.

Tracklist:
1. One Touch
2. Museum
3. SH-101 (unreleased)
4. Rhythm Of Vision
5. Unix
6. Ride
7. Station Rider E
8. Self Powered (previously on test pressing only)
9. Sleep Cycle
10. Rhythm Of Vision (original)"