quarta-feira, 25 de março de 2009

Entrevista Brunno Montero

O Produtor e coordenador de eventos de música eletrônica, Brunno Montero, mostra nesta entrevista porque suas festas a cada dia que passa se torna um sucesso ainda maior, mostrando ser uma pessoa de personalidade forte e que se preocupa com seus "clientes", ele afirma que o Rio de Janeiro não possui mais uma cena eletrônica e promete novidades para a I Love Electro.

Rodrigo: Fala Brunno, para começar a entrevista se apresente aos leitores, comentando em seguida sobre como e quando surgiu a vontade de se envolver com o mundo da música eletrônica.

Olá, meu nome é Brunno Montero, sou produtor de eventos e coordenador artístico de alguns eventos do Rio de Janeiro,Sempre fui seduzido pela música eletrônica desde mulequinho, na época do fervo do TECHNO BEAT, aquilo era bom demais e um bom começo para começar a pesquisar sobre os outros estilos que vinham com força como a mãe HOUSE, e suas vertentes, sempre foi meu amor e juntou com meus estudos em eventos e comunicação social ao que eu realmente amava e amo até hoje, a música eletrônica.

Rodrigo: Conte-nos um pouco sobre o Brunno Montero como Produtor e o Coordenador? Qual sua visão sobre a cena e do público carioca? Qual a primeira festa produzida?

O Brunno Montero produtor é um pouco diferente do Brunno pessoa, ele é um pouco mais exigente e perfeccionista, ele é bem exigente e direto, ele prefere ganhar elogios à grana, acho que o melhor investimento que um produtor tem ao seu evento é o sorriso no final dele, seja de quem for, da staff ao público, o Coordenador apenas presta serviços aos eventos maiores com a coordenação de palco, line up, transfer de artistas, equipamentos e etc...Posso ser radical na minha visão, mas ao contrário do que todos pensam, o Rio de Janeiro não possui uma cena eletrônica, isso mesmo, não possui, já possuiu, mas os mesmos que faziam parte dessa 'cena' já fazem parte de outra cena totalmente diferente e em outros estados mais bem preparadosA minha primeira festa foi a ENJOY, que não era minha, mas era de uma grande amiga minha e eu tive uma participação beeem de perto, isso me ajudou bastante, trabalhei bastante nessa festa, isso me contou como produção e como experiência, mesmo não ganhando nada tenho boas lembranças.

Joana: Como você vê as festas daqui a alguns anos, tanto como produtor como publico?

As festas daqui a alguns anos serão escondidas e voltaremos aos bons tempos da fazenda alegria e espaço lonier, só para convidados e bem discretas.

Rodrigo: Diferente da maioria dos casos, vejo em suas festas uma grande preocupação com o público, sempre escutando opiniões, sugestões e críticas daquele. Qual a maior importância dessa parceria?

Não tem parceiro melhor que o seu próprio 'cliente' concorda? eles compram um 'produto' nosso, e pra voltar a comprar teremos que nos adaptar a algumas vaidades do mesmo, portanto isso é muito legal, e um investimento fantástico pro futuro do seu 'produto', uma pena a maioria dos produtores por aqui não ter essa visão/preparo.

Rodrigo: O que você acha que um DJ precisa ser e ter pra ser considerado de ótima qualidade? Qual DJ/Projeto você sonha em trazer pra uma festa sua?

Precisa ser DJ apenas, não um poser huahahuhuaahuuahExistem hoje em dia a diferença entre dj e posers, dj é aquele que se preocupa com a música, que frequenta o BEATPORT, aquele que sabe o que está fazendo, sabe se o som tá ruim, sabe ler o público e etc...., poser é aquele que se preocupa com as 'menininhas' se elas estão olhando ou não, que quer ser comprimentado e que necessita de uma atenção específica para que o olhem, nem que para isso ele tenha que soltar um 'been a long time' da vida rsUm projeto/DJ que eu tenho imensa vontade de trazer, nossa são muitos!, porém eu vou citar apenas 2, Trentemöller e Deadmau5.

Rodrigo: A I Love Electro sem dúvidas nenhuma, é uma das, senão a festa mais querida do público carioca. A cada edição que passa ela conquista um público cativo e vem crescendo ainda mais. Quais são seus planos para esta festa? Já tem algum DJ/Projeto marcado para futuras ILE's que você já pode divulgar?

A I LOVE ELECTRO foi um 'trabalho de faculdade', é uma marca/festa, e acreditem, é isso que o público espera, foi um estudo muito legal, e foi criada nos moldes de um grande festival indoor europeu, o I LOVE TECHNO, é uma gostosa homenagem, porém se focando em um estilo bem diferente.Meus planos para a festa já se concretizaram, estamos começando a tour da 'ILE' e aumentarmos um pouco a proporção da festa, saimos da boate que sempre fazíamos o evento e estamos com boas propostas de lugares para voltar a fazer, porém nada pode ser divulgado ainda, porém não temos intensão alguma de sair do centro do rio, portanto não temos pretensão nem negociação ainda com nenhum projeto ou dj.

Rodrigo: A pouco tempo você começou com a E-solidária que já está partindo para sua 7ª edição. Essa festa feita com o único objetivo de ajudar e ser solidário com os mais necessitados tem acontecido em um dos locais mais queridos do Rio, o Topo. Qual a importância dessa festa? E por que você acha que festas no Topo dão tão certo?

EU EU não né? uma união da minha empresa (WARP!) com o topo do rio e a photossintese e o idealizador disso tudo foi meu sócio/amigo/irmão André Panda (créditos totais a ele), de montar algo que ajudasse nossos 'irmãos', e foi gostoso demais fazer essa festinha, mais pelos apertos de mão e abraços, e tb pelos djs quase se matando pra tocar (risos).O Topo do Rio é família, é um lugar que traz paz (pena que sempre tem um zé rs), e isso faz com que as pessoas voltem ao topo, esse aconchego que o lugar proporciona, sei que sou meio suspeito pra falar, porém falo como público mesmo.

Joana: Em Novembro de 2008 você fez a Infinity Festival, como surgiu o projeto da infinity? Conte-nos um pouco sobre o conceito da festa.

A INFINITY nasceu em 2007 numa união minha, com o Panda, o Coyote e o Titan (antigo produtor de uma produtora antiga) e sempre teve como conceito de trazer a tona as vertentes mais 'roots', o fullon night, o dark psy e etc....
A Festival se inspirou muito na RESPECT de São Paulo, mas são poucos os daqui que tem preparo para uma festa como essa ainda.

Joana: Diante de uma proposta diferente como a da Infinity, como foi a aceitação do publico em relação a festa? Ja existem planos para uma nova edição em 2009? Como o projeto deve agregar valor para a cena eletronica?
A aceitação foi fantástica, ouvíamos boas coisas da festa, e nossa intenção era fazer a atração da festa ser mais que os line ups, e sim as atrações artísticas e etc...
Planos não existem ainda, mas quem sabe né?
E esse projeto traz de volta alguns dos 'sobreviventes' de uma cena 'jurássica' que se desloca do Rio para outros lugares para curtir eventos do tipo

Rodrigo: Atualmente as vertentes do “low bpm” estão ganhando força na cena eletrônica. Como você analisa isso e qual seria o principal motivo para esse crescimento quase que instantâneo de uma vertente que era considerada de “fim de festa” e agora vem conquistando festas exclusivas só para ela?
Fim de festa sempre foi dito pelas 'más linguas' e as ignorantes também, até porque é uma das mais difíceis de se produzir por se tratar de viradas e melodias bem quebradas, então não teria de ser menosprezada assim, mas emfim, porém é muito legal ter eventos assim por aqui, tem a Molotov 21 que foca o minimal e o techno, tem a ILE com o electro entre outros....
Rodrigo / Joana: Quais seus planos e sonhos como produtor? E para vida pessoal? Esses sonhos se misturam? O que tem em mente para futuras festas e apresentações que possa nos contar?
Não, os sonhos não se misturam, huaahuhauhuahaEu sonho demais em constituir uma família, em ter um negócio em família, e ter um filho (quem diria que iria escutar isso de um produtor né? rs) sou muito família mesmo, sonhos como produtor? Fazer meu evento correr o mundo.As festas vão aparecendo mediante a propostas, por isso nunca tenho algo planejado mais pra frente, até porque sou meio ansioso, prefiro marcar tudo mais perto...
Joana: O que você acha da falta das transições nas festas de hoje? Isso é um ponto importante em uma festa?
Mesmo as pessoas não se importando com isso, isso chega a ser até importante pra saude auditiva sabia? (risos)É uma crescência ou decrescência de som e de potência, de bpms e etc...
E é sim um ponto muuuuuuuito importante nas festas.

Joana: A que você atribui, em primeiro lugar, os problemas com as autoridades que estão querendo proibir os eventos em determinadas cidades?
A más atitudes de supostos 'produtores de eventos', que usam isso para outros fins.

Rodrigo: Quando você começa a organizar uma festa, qual a primeira coisa que você faz? Para montar um line up, como são feitas as escolhas dos artistas, qual o critério utilizado? Percebemos que por diversas vezes você faz apostas em Djs novos em suas festas, quais que você acha quem tem um ótimo futuro pela frente e quais você não daria mais oportunidades, por quais motivos?

Djs novos mas com bons professores, e bons know how, e sempre damos oportunidades a djs que estão começando mesmo sem conhecer, pena que isso não seja aproveitado na maioria das vezes...Pra montar um line up eu vejo o que eu vou precisar, e eu vou analisando o fluxo de pessoas e o que elas gostariam de escutar, como um time de futebol, vejo quem é o melhor pra cada posição.

Rodrigo: Muito obrigado pela atenção e pelas respostas. Deixe um comentário sobre o que podemos esperar de suas futuras e festas? E mande um recado para o público!
Podem esperar surpresas agradáveis em meus eventos, e meu recado pro público? Passem a cobrar mais, que talvez a 'suposta' cena eletrônica volte a tona por aqui!
Gostaria aqui de deixar mais uma vez um agradecimento ao Brunno Montero por ter aceitado a participar desta entrevista, bem como por tudo que ele, junto com a Warp! e parceiros, como o André Panda, por exemplo, vem fazendo para a música eletrônica, trazendo festas e eventos com conceito, cultura e muita qualidade para que assim possa ser resgatada uma cena eletrônica carioca, que, o próprio, afirma não existir atualmente. Deixar também registrado meu agradecimento a Joana Stein que mais uma vez me ajudou a elaborar uma entrevista de qualidade.
Muito Obrigado a todos!

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