"Chico Buarque – Acho que a descriminalização das drogas vai acabar com a sua glamourização. O sujeito que consumir maconha vai ficar aí, meio bobão, achando que está tudo certo. O cheirador de cocaína vai ser um chato social. Acaba a glamourização de se consumir uma coisa proibida.

A característica dessa “moda de corpo” era a magreza, a pele pálida, as olheiras, e alguns traços de androginia.
O heroin chic surgiu junto a popularização da heroína que passava a ser consumida pelas classes média e alta. Outros famosos“seguidores deste movimento” foram Kurt Cobain, Courtney Love, River Phoenix e alguns filmes clássicos da época que trabalhavam em cima desse estilo foram o Pulp Fiction (Tarantino) e Trainspotting (Danny Boile).



Em 2000 foi à vez do filme Requiem for a Dream que também explorou o tema. Com uma história moderna, que se passa nas ruas do Brooklyn, e conta a vida paralela de quatro pessoas que decidem procurar uma vida melhor. “Requiem for a Dream” é um dos filmes mais pertubadores sobre o mundo dos “junkies”. Uma obra completamente soberba onde cada imagem e cada som é exemplarmente bem tratado e transformado num momento de beleza indiscutível.

Sociedade Dionisíaca
Dioniso, como reza a lenda, era o deus das festas, do vinho em particular e do prazer. Filho de Zeus – o deus supremo – com a princesa Sêmele. Foi o único deus filho de uma mortal.
Superficialmente, o caráter dionisíaco tem uma grande aproximação na formação do ser humano moderno, por sua imagem de um deus frívolo, de bebedeiras – personificação da liberdade do homem agindo pelos seus instintos naturais, vencendo a razão e a moral. Na Grécia antiga os cultos epifânios celebrados em homenagem a essa divindade eram cinco dias de folias ungidas com muito vinho. Durante as festas ninguém poderia ser detido e quem estivesse preso era solto para participarem das comemorações. Segundo Nietzsche, esses rituais eram a pura manifestação de vitalidade aprisionada pela moral, pelo preconceito e pela razão.
A maior referencia moderno ao culto de Dioniso é o carnaval. Sua influência é concebida até os dias de hoje. Muitos historiadores acreditam que o carnaval tem raízes históricas que remontam aos bacanais e as festas similares em Roma. O carnaval é, por natureza, uma festa dionisíaca. Marcada pelas liberdades interiores manifestadas exteriormente como nos cultos antigos. Durante sete dias de festas os homens se desprendem dos preconceitos, da moral repressora estabelecida que permeiem seus cotidianos para então assumirem a identidade dos mais verdadeiros desejos do ser.
É nesse estado de graças que o homem assumiu seu caráter genuíno; estabelecendo sua vontade de como ser, agir e pensar sem a influência dos cânones da sociedade que inibi o livre arbítrio formando o ser humano civilizado. Assim, o mito de Dioniso predomina sobre todos nós, como o sonho de exercer nossas vontades acima da razão, e sermos o que realmente somos ao invés de sermos o que querem que sejamos para que não infrinjamos as leis que estabelecem a realidade aparente de nossa sociedade falida.
O Mito da Liberdade consumida
O vocábulo liberdade, do latim libertate, se caracteriza pela faculdade de cada um se decidir ou agir segundo sua própria determinação.
Se falamos em liberdade, é porque conhecemos o seu oposto.
Vale ressaltar que tanto a mentalidade dionisíaca como as drogas aqui são apenas engrenagens de uma gigantesca maquina de manipulação.
Refletir sobre a liberdade é algo imprescindível nos dias atuais, principalmente quando nos deparamos com uma falsa liberdade difundida pelos meios de comunicação e amplamente consumida pela nossa sociedade moderna.
Essas práticas, muito ligadas ao egoísmo e ao individualismo do consumo desenfreado, funcionam como uma terrível armadilha social: Seduzem e encantam ao mesmo tempo em que viciam e cegam.
“Sou livre e, em nome da minha liberdade, coloco o meu prazer em primeiro lugar”. Interessante essa afirmação… Ter ou Ser?"
Matéria retirada do Blog do Roosevelt:
2 comentários:
Muito bom o texto. Parabéns por divulga-lo.
Mil perdões por matar o Vincent Gallo. Foi uma falha na pesquisa. Quem morreu e quem realmente lançou o estilo "heroin chic" foi o fotografo Davide Sorreenti.
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